Sempre que você assiste aos conteúdos do YouTube ou em outros locais, você, como uma pessoa sem deficiência, entende tudo sem nenhum empecilho, certo? Mas, se eu te disser que muitas das vezes, há pessoas com deficiência visual tentando acessar o mesmo tipo de conteúdo que você, porém, muitas vezes sem sucesso. Pode até parecer que colocar #PraCegoVer ajude em alguma coisa. Mas normalmente, as descrições feitas neste espaço, se você ler em voz alta, não fazem muito sentido. Há muito despreparo por parte dos produtores de conteúdo e muitas vezes, um certo descaso. Além disso, falta audiodescrição, transcrição ou legendas para que cada vez mais as pessoas sintam-se incluídas. Se interessou? Então, vamos falar um pouco sobre esse universo aí. Acompanha.
Alguns dados para botar o papo em dia
Você sabia que só no Brasil há mais de 10 milhões de pessoas com deficiência auditiva? Desse número, cerca de 20% têm deficiência severa. Os dados são do Instituto Locomotiva e da SAS (Semana de Acessibilidade Surda). E, mais um fato: desse total, apenas 9% são surdas congênitas, ou seja, nasceram com a deficiência. O restante adquire ao longo da vida, muitos chegam a ensurdecer antes dos 50 anos, de acordo com a pesquisa.
Segundo a Fundação Dorina Nowill e dados fornecidos pelo IBGE em 2010, somente no Brasil há mais de 6 milhões de pessoas com alguma deficiência visual. Cerca de 500 mil pessoas são incapazes de enxergar. O restante tem grande dificuldade em enxergar e, muitas das vezes, é permanente. Ainda de acordo com o estudo, outras 29 milhões de pessoas dizem que têm dificuldade em enxergar, usando óculos ou lentes.
Beleza, mas e as legendas. Cadê?
O Spotify permite que as pessoas acompanhem as letras em tempo real graças ao recurso fornecido pelo MusixMatch. No entanto, ainda não é possível fazer o mesmo com todos os podcasts, mas a plataforma já está começando a trabalhar nisso, viu!
E as legendas, meus amigos? Normalmente, quando assistimos ao Youtube, gera-se aquela legenda automática, que muitas vezes confunde palavras, faz aquela mistura e não fica agradável para as pessoas ouvintes. Imagina para pessoas não ouvintes? E para piorar, em setembro de 2020 as legendas feitas pela comunidade do Youtube foram desativadas, pois segundo a plataforma, as alegações era que o recurso era usado para spam, abusos e envios de baixa qualidade.
Palavras (escritas) não bastam
A problemática continua. Muitas pessoas com deficiência visual precisam de recursos para conseguir acompanhar o conteúdo em condições parecidas com as pessoas videntes. Para isso, existe a audiodescrição, uma ferramenta que utiliza das palavras para descrever fatos, fisionomias, roupas, animais e outras coisas que compõem o ambiente de uma cena que está sendo mostrada naquele exato momento. As cenas podem ser descritas via áudio e inseridas entre os intervalos de fala entre uma pessoa e outra (pode ser personagem de novela ou série e até mesmo o vídeo da formatura dos amigos, por exemplo).
E a audiodescrição é muito mais do que somente colocar palavras em tela. Quem escreve, deve se atentar com as palavras que serão colocadas, pois a pessoa com deficiência visual está contando com as palavras que estão sendo ditas para ela. Então, trata-se de uma tradução feita para pessoas não videntes. A perspectiva deve ser feita de acordo com uma pessoa que não enxerga. Então, o responsável pela audiodescrição precisa pensar nas melhores palavras, ver se o que é dito em voz alta faz sentido para quem não enxerga.
Sinais são importantes também, viu?
Apesar de muitas pessoas surdas ou ensurdecidas serem alfabetizadas da forma comum, para pessoas sem deficiência, ainda há aqueles que não conseguem aprender com o método tradicional, pois o cérebro das pessoas surdas congênitas funciona de forma diferente. Muitas das vezes, é necessário que essas pessoas aprendam a linguagem de sinais para se comunicar com outras pessoas. Então, além de legendas inclusivas e audiodescrição, há um terceiro tópico a ser preenchido: a linguagem de sinais.
Capacitismo
De forma geral, é o preconceito com base na “capacidade” de outras pessoas. Portanto, se uma pessoa não enxerga, muitos devem pensar que essa pessoa não é capaz de lidar por conta própria com as próprias tarefas. E isso se estende para outros campos, assim como o audiovisual: muitas pessoas pensam que pelo fato de a pessoa não enxergar, exclui-se a necessidade de fazer entender.
Mas o que isso significa? Significa que ela não precisa entender aquilo para poder fazer parte do mundo. Afinal, a pessoa não pode ver que o personagem principal da série Dark usa uma jaqueta amarela que é praticamente o símbolo que é mais conhecido na série. Tão reconhecido que. inclusive, virou meme nas redes sociais.
Como melhorar
De acordo com o Youtuber Guilherme Fernandes em entrevista para o Portal Tilt, incluir pessoas com deficiência para tomar as decisões nas plataformas de conteúdo, seria uma boa alternativa. Ainda de acordo com Guilherme, contratar pessoas com deficiência poderia beneficiar a empresa com novas ideias sobre acessibilidade.
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