Desde o começo da pandemia, acredito que posso contar nos dedos a quantidade de vezes que fui até a algum supermercado ou restaurante. Com a necessidade de distanciamento para fugir da contaminação pelo novo coronavírus, as pessoas passaram a pedir mais e sair menos. iFood, Rappi… São apps tão comuns que parece besteira falar sobre delivery, certo?
Mas, assim como qualquer coisa nesse país (e no mundo), a desigualdade faz questão de nos mostrar que não é tão simples assim. Nas periferias, principalmente, são poucos os estabelecimentos que se aventuram a fazer entregas. Para contornar este problema, lojistas e clientes encontraram um aliado: o WhatsApp.
O problema
A reportagem da Tilt (Uol) testou, no início de agosto, as opções de estabelecimentos em Cidade Tiradentes, na zona Leste da capital paulista. O resultado: uma baixa cobertura do iFood, com alguns itens de hortifruti e conveniência, mas sem a facilidade de fazer uma compra completa. O Rappi? Nem aparece por lá, não atendendo a localidade.
Para comparar com a zona Leste, a reportagem também fez um teste nas regiões centrais como em Campos Elíseos. Lá, o número de opções é três vezes maior do que o encontrado em Cidade Tiradentes.
Após os experimentos, a reportagem da Tilt tentou falar com a assessoria do iFood, que não chegou a enviar uma resposta. Porém, após o contato (ou a falta de), dois mercados passaram a atender a região de Cidade Tiradentes. Já o Rappi, não deu nem sinal de vida e continua ignorando a região periférica.
A solução
Se o iFood não vai até a montanha, a montanha pede para o WhatsApp substituir o iFood. Espera, será que fez sentido? Enfim, com o descaso dos apps pela periferia, pequenos comerciantes passaram a utilizar o zap zap como forma de contato com seus clientes.
Para o professor do Instituto das Cidades na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e coordenador do CEP (Centro de Estudos Periféricos), Tiaraju D’Andrea, em entrevista para a Tilt, essa proximidade entre lojista e cliente se dá, principalmente, pela construção histórica da periferia.
De acordo com ele, “as relações de confiança e pessoais ainda são fortes nas periferias (…) O WhatsApp cria uma relação mais pessoal e mais rápida e não necessita de intermediadores.” É uma solução prática e livre de custos extras, o que a torna mais atrativa do que apps e, no caso periférico, a única solução viável.
E aí, vamos de zap?
Foto: Reprodução Uol Tilt
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